O deputado federal pelo RJ Jair Messias Bolsonaro (PSC-RJ) está sendo processado pelo Ministério Público Federal no Rio de Janeiro por danos morais coletivos a comunidades quilombolas e à população negra em geral.
O MPF informou que na segunda-feira (3) o deputado realizou uma
palestra no Clube Hebraica, em Laranjeiras, e lá ofendeu e depreciou a
população negra e indivíduos pertencentes às comunidades quilombolas. O
órgão também entendeu que o parlamentar incitou a discriminação contra
estes povos. O G1 tentou entrar em contato com o
deputado para receber um posionamento sobre a ação do MPF, mas, até a
última atualização desta reportagem, o parlamentar não respondeu.
Na ação, os procuradores da República sustentam que Bolsonaro distorceu
informações e fez uso de "expressões injuriosas, preconceituosas e
discriminatórias com o claro propósito de ofender, ridicularizar,
maltratar e desumanizar as comunidades quilombolas e a população negra".
No Hebraica, segundo MPF, o deputado afirmou, por exemplo, que visitou
uma comunidade quilombola e "o afrodescendente mais leve lá pesava sete
arrobas". Ainda citando a visita, disse também: "não fazem nada, eu acho
que nem pra procriar servem mais". Para os procuradores da República
Ana Padilha e Renato Machado, as afirmações "desumanizam as pessoas
negras, retirando-lhes a honra e a dignidade ao associá-las à condição
de animal".
"Com base nas humilhantes ofensas, é evidente que não podemos entender
que o réu está acobertado pela liberdade de expressão, quando claramente
ultrapassa qualquer limite constitucional, ofendendo a honra, a imagem e
a dignidade das pessoas citadas, com base em atitudes
inquestionavelmente preconceituosas e discriminatórias, consubstanciadas
nas afirmações proferidas pelo réu na ocasião em comento", concluem os
procuradores na ação.
Se for condenado, o deputado federal pode ser obrigado a pagar
indenização coletiva no valor de R$ 300 mil pelos danos morais causados
ao povo quilombola e à população negra em geral, a ser revertida em
projetos de valorização da cultura e história dos quilombos, a serem
indicados pela Fundação Cultural Palmares.
Deputados pedem investigação à PGR
Na última semana, parlamentares de PT e PCdoB protocolaram uma representação na Procuradoria Geral da República (PGR)
pedindo para que o órgão apure se o deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ)
cometeu racismo ao discursar em uma palestra no Rio de Janeiro.
O crime de racismo é inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão de 1 a 3 anos mais multa. Na época, o G1 procurou a assessoria de Bolsonaro, mas não obteve retorno até a publicação da reportagem.
A representação do parlamentares se baseia em declarações dadas por
Bolsonaro durante uma palestra no Clube Hebraica, nesta segunda (3), na
qual o deputado disse que, se for eleito presidente em 2018, não
destinará recursos para ONG e não vai ter "um centímetro demarcado" para
reservas indígenas ou quilombolas.
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