Sobre o candidato que adota posturas abertamente fascistas e não consta na Lista de Fachin nos crimes da Odebrecht, denunciada na Operação Lava Jato.
Por Pedro Zambarda de Araújo
É
irônico que algumas pessoas, que julgo muito inteligentes e cultas
inclusive, falando para "não postar e nem compartilhar conteúdos" sobre Jair Bolsonaro em redes sociais como Facebook e Twitter.
O
argumento central é que Bolsonaro, assim como Donald Trump, se
beneficia da propaganda indireta. "Polêmico", ele desperta pensamentos
fascistas que supostamente estão por toda sociedade. Eu não poderia
discordar mais sobre este assunto. Uma reportagem da BBC questionou o próprio Facebook sobre
a vitória do republicano nos EUA. A conclusão não é única, mas é fato
que a criação de Mark Zuckerberg teve um papel de marketing importante
com o dono da Trump Tower, junto com sites de notícias falsas e
distorcidas como o ultradireitista Breitbart.
A vitória inesperada dele levou a rede social a adotar pequenas
reformas para punir páginas com informações inverídicas, ainda sem
grandes mudanças reais.
Trump
não se elegeu só porque falavam dele e nem por causa das piadas ruins
na internet. Ele se elegeu porque Hillary Clinton era uma má candidata.
Despreparada, envolvida diretamente na crise militar da Síria e muito
vinculada ao ex-marido, Hillary não teve o mesmo brilho de Barack Obama
em duas eleições. E ela também perdeu porque o americano médio é bem
pouco progressista. É uma sociedade conservadora. São uns reacionários,
por muitas vezes, e machistas.
Isso
porque Hillary Clinton não é algo que não lembra remotamente a
esquerda. É centro-direita no máximo, feminista e pró-direitos
individuais.
Mas vamos ao nosso país.
O
Brasil também é conservador e lambeu bota de presidente ditador
militar. Mas precisamos sim falar de Bolsonaro quando ele se torna
candidato a presidente. Precisamos falar dele, dos torturados da
ditadura militar, dos retrocessos econômicos da ditadura militar, do
Ernesto Geisel, do Castello Branco, do Costa e Silva e até do
Figueiredo. Precisamos falar da corrupção que nasceu do José Sarney, já
gestada pela Odebrecht entre os generais, e se alastrou com FHC e chegou
a Lula. Precisamos falar do atraso que é o Estado brasileiro, por mais
que tenham existido alguns presidentes brilhantes.
Precisamos falar de ditadura, da política real e da economia.
Porque o eleitor do Bolsonaro não sabe disso.
E
precisamos realmente colocar as teses destes fascistas contra a parede.
Precisamos mostrar que defender tortura é crime. Precisamos
exemplificar como a sociedade brasileira é abjetamente desigual.
O brasileiro é profundamente mal-educado. E é analfabeto político. Mas, como mostrou uma pesquisa Datafolha, o eleitor possível do Bolsonaro tem ensino superior. É letrado. Tem capacidade intelectual.
Mas é um boçal que acredita no "perigo comunista".
Este cara precisa ser reeducado.
Por isso, e por muitos motivos, temos que falar sobre Bolsonaro sim.
PS:
Sim, o deputado Jair Bolsonaro não é citado na Lista de Fachin, que
pegou praticamente todos os partidos brasileiros recebendo propina da
Odebrecht. O congressista, no entanto, tem que explicar os R$ 50 mil que
recebeu segundo as denúncias na Lista de Furnas em Minas Gerais, que envolve o senador Aécio Neves.
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